O ponto onde a tecnologia e o valor social se encontram
No fim da década de 1990, marcada por grandes eventos, como o lançamento do telescópio Hubble, havia meio bilhão de pessoas conectadas à internet no planeta. Desde então, esse total subiu para mais de seis bilhões. Os números e a relação dos cidadãos com a rede mundial de computadores mudaram drasticamente nesse período. Ao longo desse tempo, acompanhamos o investimento direcionado à infraestrutura das redes e as grandes discussões acerca do acesso à conexão. Embora ainda tenhamos muito a fazer, em grande parte da nossa sociedade esse tema já ficou para trás, ganhando novos contornos. Agora, quando se pensa em tecnologia, o que vem à mente é um conceito, que se traduz na crescente oferta de serviços eficientes, que contam com um valor social agregado a ele.
Nos dias atuais, não basta fazer um plano de negócio, montar uma startup com base em tecnologia e ter o objetivo de se transformar num unicórnio. A mensagem que a sociedade transmite o tempo todo ao mundo corporativo é que as empresas precisam vir embaladas em um pacote que envolva: praticidade; quebra de paradigmas e, o básico, resolva um problema latente na sociedade. A tecnologia aqui é uma aliada essencial, um instrumento poderoso de transformação da vida das pessoas. As grandes organizações também entenderam esse recado e estão procurando se alinhar a essa realidade.
Com a pandemia, ficou muito claro o poder da tecnologia e da conectividade no contexto atual, uma vez que a Internet se tornou o meio para acessar o mundo exterior. Num momento de fragilidade conjunta, as redes não somente deram conta do desafio que se impunha, mas também tornaram possível um isolamento social necessário.
O crescimento exponencial no acesso às plataformas de colaboração é um exemplo disso. Após o início do período de distanciamento social, o uso dessas ferramentas aumentou 700%. É preciso destacar aqui que esse fenômeno aconteceu em um lapso de apenas alguns meses. Aprendemos algumas lições com essa experiência: a primeira delas é que a urgência muda a ordem das prioridades e, acima de tudo, o valor das coisas. Para se ter ideia, um dos players do mercado de fornecedores de soluções de videoconferência teve suas ações triplicadas em 2020 e um crescimento de 1.123% do começo do ano até 30 de abril, em comparação com o mesmo período de 2019.
Nos últimos meses, por exemplo, a carga de dados trafegados nas redes, como backbones e cabos submarinos, aumentou seis vezes ao longo do primeiro semestre. O pico de tráfego agregado na Internet brasileira chegou a 13 Terabytes por segundo, principalmente pelo uso do streaming, em virtude do consumo de filmes, músicas etc., por volta das nove horas da noite. Vale destacar que o enorme volume de dados que circula, gerado pelo uso de dispositivos móveis e sensores conectados, passa a ser preciosa fonte de ‘insights’ para empresas e governos, com o emprego de tecnologias de analytics, aprendizagem de máquina e inteligência artificial.
Estamos diante de um novo trampolim de transformação: a chegada da rede 5G. Mas, ao contrário do que muitas pessoas pensam, o maior benefício que a quinta geração vai trazer não é simplesmente uma capacidade incrível de conexão e o tempo de resposta super-rápido. Essa tecnologia vai potencializar as boas ideias, a realização de soluções em prol do bem comum, em segmentos, como saúde, agricultura, indústria, construção, transporte, segurança, gestão pública, entre diversos outros. O 5G será uma revolução para a sociedade, como uma mola propulsora do desenvolvimento e suporte para resolução de problemas atuais, que a inovação e o empreendedorismo darão conta de resolver.
*Esse artigo foi publicado originalmente no portal Meio & Mensagem