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NEC
11 out 2022

Executivos da Índia apontam as redes abertas como o melhor modelo para massificar o 5G no mundo

  • Para viabilizá-las é necessária muita colaboração e a formação de ecossistemas, compostos por fornecedores, operadoras, indústrias e universidade, para a descoberta constante de novas soluções, com arquiteturas abertas, a fim de atender às demandas e expectativas de usuários e indústrias;
  • As possibilidades proporcionadas por elas são inúmeras, porém os desafios ainda são grandes em termos de desenvolvimento de aplicações específicas para diferentes indústrias e para o setor público, assim como para garantir segurança às operações. 

    Reportagem de Clezia Gomes
    MTB 36500

    A audiência da NEC Visionary Week 2022 põde conhecer, por meio do painel “Redes 5G: um modelo para o mundo”, conduzido por Mayuko Tatewaki, vice-presidente sênior da NEC, as perspectivas e a evolução do 5G na Índia, um dos países mais populosos do mundo, que conta com um importante parque tecnológico preparado para disseminar a tecnologia para todas as suas regiões ao longo deste e dos próximos anos. 

    O objetivo desse painel foi reunir especialistas para avaliar como a chegada do 5G à Índia atenderá às expectativas da enorme população de 1,4 bilhão de pessoas, seu mercado corporativo e ajudará a aperfeiçoar os serviços governamentais oferecidos, ou seja, os impactos do novo espectro tecnológico na vida e nos negócios locais, abordando a necessidade de redes abertas e desagregadas para viabilizar a construção de uma infraestrutura social sustentável. A NEC quis também promover uma discussão sobre o futuro das arquiteturas abertas e a importância da colaboração entre empresas do setor, indústrias e universidades para a expansão do 5G, por meio do uso dos ricos conjuntos de habilidades técnicas e de recursos de engenharia, que podem garantir a capacidade da Índia de acelerar a massificação e de fomentar a inovação na oferta de novos serviços disruptivos.

    Na ocasião, Mayuko conversou com dois especialistas indianos: Randeep Singh Sekhon, diretor de Tecnologia da Bharti Airtel, uma das três maiores provedoras de serviços móveis do mundo em número de assinantes, que atende a Índia e o Sul da Ásia; e Bhaskar Ramamurthi, professor e ex-diretor do Indian Institute of Technology Madras (IIT Madras) e diretor honorário do Centro de Excelência em Tecnologia Sem Fio (CEWiT). Além disso, participou da conversa Shiv Kumar Singh, diretor de Operações da NEC Corporation na Índia, incumbido de fazer a gestão de liderança de operações, desenvolvimento de negócios, parcerias estratégicas, inovação e gestão de produtos. 

    “Decidimos dedicar um dos painéis à Índia porque o país é uma parte crítica da transformação digital em termos de população, recursos de engenharia e desenvolvimento de tecnologia de ponta. Outro fator é que começou a fazer seus leilões de 5G e estamos muito animados com a possibilidade de que sejam concluídos até o fim deste ano”, afirmou Mayuko. Diante deste cenário, é importante saber como estão os planos dos fornecedores de telecomunicações e operadoras para o lançamento dos novos serviços 5G, bem como as diferenças do processo evolutivo da nova tecnologia em relação ao 3G e ao 4G.

    O potencial do 5G na Índia

    Logo no início da conversa, Sekhon destacou que a Índia é realmente um excelente país para se avaliar quais são as perspectivas de crescimento da oferta de serviços em 5G no mundo, mas que levará um tempo para que a cobertura se expanda para todas as regiões. “Uma boa parte da Índia começará a ter acesso aos serviços 5G ainda este ano, mas teremos ainda muito a avançar nos próximos. Eu participei dos lançamentos de 2G, 3G, 4G e é evidente que com o 5G a expansão está sendo diferente, tanto pela perspectiva do cliente, como pela do operador”, afirmou o diretor de tecnologia da Bharti Airtel.  

    Pelo ponto de vista do consumidor, na época do lançamento do 2G, ele só precisava de mobilidade, no 3G queria um pouco mais de capacidade de armazenamento e processamento de dados. Quando o 4G chegou, os clientes tinham a expectativa de uma experiência melhor com dados, mas não tinham muitos serviços e usavam muito aqueles que estavam disponíveis. Mais aí surgiram as OTTs (plataformas de distribuição de conteúdo sob demanda pela internet), com oferta de streaming, redes sociais variadas, muitas opções de vídeos rápidos, músicas on-lines e os usuários se viciaram no uso de dados, pois estes passaram a facilitar o dia a dia e a integrar a tudo. “Agora com o 5G, as pessoas estão prontas para usar novos serviços e suas expectativas estão muito altas. O setor de telecomunicações acredita que este espectro vai resolver todos os problemas ainda existentes com o 4G. Eles desejam velocidades 10 vezes maiores desde o primeiro dia de cobertura”, ressaltou Sehkon.

    Outro aspecto que precisa ser considerado hoje é a necessidade das empresas de telecomunicações serem mais verdes. Não basta lançar novos serviços. É preciso atender às normas ESG com boas práticas relativas à governança, meio ambiente e responsabilidade social. “Ou seja, precisamos oferecer múltiplos serviços, com baixa latência, alta velocidade e qualidade, garantindo uma boa experiência dentro de padrões que englobem às expectativas ESG dos mercados, especialmente economia energética. Isto porque o ônus e a responsabilidade dos operadores em todos os segmentos B2C, B2B e sociedade são muito grandes”, alertou o executivo da Barthi Airtel.  

    Considerando as expectativas do mercado corporativo e das indústrias, nunca houve um grande entusiasmo com os espectros anteriores, mas com o 5G há. Por esta razão, as operadoras querem realizar o máximo de testes possíveis antes de apresentar os serviços ao mercado. “Neste momento, com o foco na indústria 4.0 e com as possibilidades trazidas pelo 5G para a evolução das questões relacionadas à eficiência e segurança das soluções de IoT (internet das coisas), há uma grande animação no setor industrial”, considerou Sehkon.

    Para o diretor da provedora de serviços, o 5G se diferencia porque trabalha nos modos SA (Standalone) e NSA (Non-standalone), conseguindo coexistir de forma harmônica com o 4G. Esse fato permite que se contemple as necessidades atuais e traz, ainda, várias camadas interdependentes que viabilizam sua constante evolução. “Isto exige que nós asseguremos um tráfego descentralizado e tenhamos redes de rádio prontas para suprir as demandas. Temos de ser muito mais proativos e ágeis do que fomos no passado, porque podem ocorrer problemas de interfuncionamento”, apontou Sehkon. 

    O professor Ramamurthi concordou que as expectativas e demandas dos indianos serão realmente altas e acredita que boa parte delas poderá ser atendida pela instalação de rádios NSA, que serão um primeiro passo para superar o desafio de ampliar gradualmente a cobertura a fim de cobrir todo o país. “Porém, o 5G é muito mais do que oferta de banda larga, pois trará benefícios e impactos para empresas de todos os setores, privadas e públicas, e sua massificação é cara. Há um grande custo não somente financeiro, mas de recursos para implementação, o que exige a compreensão das necessidades e planejamento para que sua execução seja correta e eficiente, trazendo a produtividade esperada”, argumentou o professor do IIT Madras.

    As novas redes tendem a ser abertas e conectáveis, como O-RAN da NEC, podendo englobar equipamentos de rádio e soluções em Cloud e virtualizadas.  Afinal, o 5G chega em um momento no qual as empresas se sentem seguras para migrar, inclusive, processos críticos e de core business para nuvens híbridas ou privadas, o que lhes garante escalabilidade e exige agilidade e eficiência das operadoras na oferta dos serviços. Para isso, elas devem ter mais opções de escolha da infraestrutura de redes e podem adotar diferentes estratégias, optando por aquelas que lhes permitem oferecer experiências mais satisfatórias aos usuários. 

    “Agora, precisamos fazer um esforço efetivo para trabalhar nos casos efetivos de uso, ou seja, nas soluções a serem viabilizadas. Há muito ainda a ser realizado, especialmente para empresas públicas, como ferrovias, judiciário, polícia etc. E é necessário considerar as condições operacionais da Índia, que são diferentes de outros países, bem como os gastos financeiros, que são sempre uma preocupação do setor público, e os custos dos capitais que são expressivos no 5G”, recomendou Ramamurthi. 

    Na Índia, especificamente, será desafiador usar as tecnologias mmWave, que atingem bandas de frequência mais altas, na faixa de 24 GHz a 100 GHz, por exemplo, além de proporcionar benefícios múltiplos para o desempenho. Isso porque as condições de propagação são muito sensíveis, devido ao fato de os projetos de construção serem diferentes dos ocidentais e pelas cidades terem grandes áreas verdes distribuídas nas periferias. “Implementar essa tecnologia será uma experiência interessante para todos os elos da cadeia – fornecedores, operadoras, usuários”, comentou o professor do IIT Madras. 

    Ramamurthi também está curioso como o setor atenderá a adoção em larga escala de soluções IoT, principalmente quando usadas em infraestruturas críticas, na segurança pública, em soluções médicas, redes de energia e de suprimento de água, saneamento básico, entre outras. “Espero que os aspectos referentes à cibersegurança sejam considerados e tratados corretamente por todos os elos da cadeia. E, por último, quando URLCC (Ultra Reliable Low Latency Communications) estiver funcionando, isto precisa ser realmente bom no contexto indiano, com novas soluções eficazes, como mais carros autônomos nas ruas, para reduzir acidentes de trânsito, por exemplo, e a abertura de novas oportunidades de negócios para pequenos empreendedores”, explica Ramamurthi.

    Visão da NEC para o 5G na Índia

    A NEC é pioneira em tecnologia de comunicações, segundo a Gartner Group, oferecendo redes confiáveis para CSPs (Communication Service Providers) e indústrias, que integram soluções IoT, cloud e tecnologias de rede. Agora, a empresa quer ser a maior fornecedora de sistemas de integração 5G globalmente, além de oferecer produtos e soluções para redes abertas, contribuindo para expandir esse ecossistema. “No recente leilão de 5G na Índia foi realizado um investimento substancial pela primeira colocada, tendo a Airtel em segundo lugar. Este é um momento de inflexão das demandas do mercado com a visão da NEC, pois nós estamos produzindo produtos e soluções essenciais, bem como investindo em capacidade de integração, para apoiar o crescimento do mercado indiano”, disse Shiv Kumar Singh, diretor de Operações da NEC na Índia.

    Com este intuito, a NEC está trabalhando para viabilizar todo um ecossistema 5G com produtos de arquitetura aberta e outros sistemas de acesso, como rádios E-Band e sistemas compactos DWDM e soluções GE-PON para atender vários requerimentos de fronthaul, middlehaul e bakchaul. “Estamos prontos para reunir um grande portfólio de equipamentos 5G e uma poderosa solução de integração para complementar nossa rede O-RAN disruptiva e, assim, atender ao mercado indiano. Para isto, nossa estratégia é trabalhar realmente em sinergia com as operadoras de telecomunicações para gerar novos negócios, casos de sucesso de implementação e uma solução aberta de design 5G adequada às características geográficas da Índia”, informou Singh.

    A Central de Excelência Open RAN, da NEC, localizada em Chennai, já está apoiando os desenvolvimentos da empresa para o mercado mundial e incentivando a adoção das melhores práticas pelas empresas de telecomunicações da Índia. 

    A colaboração é essencial para a massificação das redes abertas na Índia e no mundo

    Mayuko Tatewaki, vice-presidente sênior da NEC, trouxe para o painel uma discussão sobre a importância da colaboração entre os fornecedores de produtos e serviços de telecomunicações, as operadoras, a indústria e o setor acadêmico. “A Índia conta com ótimos recursos de engenharia e inovação para aperfeiçoamento do 5G, que podem ser estendidos para o mercado global, especialmente para evolução das soluções e redes abertas. O desafio é ampliar a colaboração para a descoberta de soluções não só para as redes, mas para atender as necessidades específicas de diferentes indústrias”, acredita a executiva. 

    Como diretor de uma operadora móvel presente em sete diferentes geografias indianas, Sehkon concordou com a executiva da NEC, informando que há ainda muito a ser feito em termos de colaboração. “Em nossa companhia, nós ainda não atingimos a excelência que gostaríamos em termos de colaboração com as universidades. Nós colaboramos com a academia e com alguns setores da indústria, temos políticas definidas, mas não conseguimos resolver alguns problemas importantes do 5G aplicado ao setor industrial”, diz o diretor de tecnologia da Barthi Airtel. 

    Este cenário precisa mudar, pois a operadora indiana precisa somar seu amplo conhecimento do setor de telecomunicações do país ao conhecimento tecnológico das universidades, para espalhar o 5G, com sua arquitetura aberta, para todos os setores da indústria, como está ocorrendo em outros países. “A Europa vem fazendo isto muito bem, principalmente para empresas B2C. Nesse contexto, acredito que o apoio da NEC e a excelência de sua área de Pesquisa & Desenvolvimento podem nos ajudar a fazer o mesmo”, reforça Sehkon.

    As universidades indianas têm total liberdade para colaborar e muitas faculdades já estabeleceram parcerias de colaboração com indústrias de diferentes setores – de telecomunicações, abastecimento de água, energia elétrica e sustentabilidade, assim como de outras esferas –, para buscar soluções para problemas desafiadores, não somente pensando no futuro, mas em resolver questões já existentes. Como 5G é uma tecnologia complexa, há muito a ser feito em relação ao desenvolvimento de aplicações e para ajudar as empresas a conectar suas infraestruturas com as operadoras. No caso da polícia, por exemplo, eles usam sistemas de câmeras de vigilância wireless e, por consequência, edge cloud (tecnologia que se baseia em uma rede de micro data centers para processar e armazenar dados), o que deve ser feito de modo correto e envolvendo o máximo de unidades policiais, tendo uma central de operações e a participação de vários elos da cadeia. 

    “As operadoras estão muito ocupadas com seus negócios e não podem assumir a responsabilidade de fazer as adaptações necessárias para viabilizar usos específicos para as indústrias. Por esta razão, é fundamental conhecermos e acompanharmos as conquistas da Alemanha, da França e do Japão e aproveitarmos o conhecimento já obtido para superar alguns desafios, como a descoberta de novas soluções e a segurança”, detalhou Ramamurthi. De acordo com o acadêmico, as universidades querem colaborar na superação destes desafios e os estudantes estão muito animados com a possibilidade, mas faltam iniciativas das empresas para que esta colaboração cresça.

    Shiv ressaltou que a NEC tem a colaboração como prioridade e já trabalha com o Parque de Pesquisas do IIT Madras, que hospeda muitas startups inovadoras e promissoras, que estão conectadas com as faculdades locais. “Nós sabemos que a adoção e proliferação do 5G depende da rapidez da inovação e pretendemos colaborar com o maior número de universidades e instituições científicas possível para cocriação massiva de soluções destinadas às mais variadas áreas industriais e comerciais. Vemos um grande potencial, por exemplo, de uso por pessoas de baixa renda e pequenos empreendedores, que podem se engajar às ferramentas 5G para fazer negócios e melhorar suas condições de vida”, ressaltou.  

    O diretor de operações da NEC informou, ainda, que a empresa tem um representante no Conselho de Governamental de Desenvolvimento de Padrões de Telecom da Índia, com a finalidade de trabalhar em conjunto com outras instituições empresariais para estabelecer os padrões das redes abertas e estimular o desenvolvimento de aplicações para atender não só as demandas da Índia, mas de todo o mundo. “Estamos engajados com mentes brilhantes das universidades, que estão participando de vários hackathons, dos quais esperamos ter bons resultados, e queremos desenvolver mais iniciativas de colaboração com diferentes instituições acadêmicas, científicas e empresariais”, destacou Shiv.

    As redes precisam ser abertas, confiáveis e seguras

    “A NEC acredita na massificação global do 5G com redes que sejam realmente abertas e confiáveis. Para isto, segurança é fundamental”, enfatizou Mayuko, que foi apoiada por Sehkon, que reforçou a necessidade de garantir a segurança não só em O-RAN, mas em todos os sistemas fechados, e que os fornecedores de sistemas têm de garantir isso em todos os estágios de evolução. “Com este objetivo, é necessária a realização de exames minuciosos das aplicações pelas agências reguladoras nacionais, porque algumas vezes os fabricantes garantem que as soluções são confiáveis, mas não querem que sejam efetivamente avaliadas em todos os aspetos”, apontou o diretor da Barthi Airtel.

    Para Sehkon, as redes só serão abertas e confiáveis se atenderem a dois quesitos básicos: segurança e TCO (custo total de propriedade), que está diretamente relacionado com escalabilidade. “O fato de as redes serem abertas propicia à Índia a oportunidade de inovar e vender suas soluções para o mundo. Podemos deixar de só produzir e replicar tecnologias externas e efetivamente oferecer nossas tecnologias globalmente. Isso é de suprema importância porque os investimentos em 5G devem se estender por alguns anos e representam bilhões de dólares, podendo parte disto ser captado por nossas startups”, destacou. 

    Quando ao TCO, Shiv advertiu que ele pode baixar quando o retorno sobre o investimento (ROI) ocorrer, devido ao desenvolvimento massivo de aplicações. “Para isso, a cultura proprietária e fechada dos fornecedores de equipamentos deve deixar de existir, para que os operadores sejam livres para escolher e plugar as soluções que melhor atenderem suas necessidades”, explicou. 

    O professor Ramamurthi enfatizou as inúmeras oportunidades geradas pelas redes abertas e reforçou que todos os elos da cadeia precisam assumir suas obrigações e responsabilidades. “Alguns requerimentos necessários para assegurar a confiabilidade não são triviais. Como teremos muitas empresas envolvidas, milhões de devices, softwares e soluções, é preciso que todos trabalhem em colaboração, com processos bem planejados e executados, pois é uma tecnologia que afetará veículos autônomos, trens, redes de alimentação de água e energia elétrica e saneamento, entre outros serviços críticos para a sociedade. Ou seja, pode realmente revolucionar a forma como vivemos”, aconselhou o acadêmico.

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