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NEC
29 out 2021

5G com redes abertas traz transformações em diferentes segmentos de mercado

Evento digital NEC Visionary Week apontou que os projetos Open RAN têm evoluído rapidamente, graças a ecossistemas de colaboração entre os participantes do setor. A tecnologia é decisiva para que operadoras garantam novos serviços com qualidade de desempenho, flexibilidade, velocidade e escalabilidade. 

Por Clezia Gomes

Durante a jornada do Visionary Week 2021, a NEC reuniu no painel “Redes 5G abertas: estamos na rampa da iluminação?” representantes de duas empresas líderes em importantes projetos de redes abertas (Open RAN) na Ásia e Europa: Naoki Tani, vice-presidente executivo, CTO e gerente geral de Inovação da NTT DOCOMO, e Santiago Tenório, diretor do Grupo de Arquiteturas de Redes da Vodafone. Participaram também da conversa Atsuo Kawamura, vice-presidente executivo e presidente da Unidade de Redes da NEC, e Nozumu Watanabe, vice-presidente executivo da NEC, que contaram com a moderação de Patrick Lopez, vice-presidente de Gestão de Produtos e de Produtos 5G da NEC.

O painel abordou as conquistas da aliança O-RAN, constituída por 300 operadoras de telecomunicações, como a NTT e a Vodafone, bem como fornecedores do setor, a exemplo da NEC, entre outros, instituições e universidades. Em 2018, essas empresas estabeleceram, juntas, que liderariam o estabelecimento das especificações das redes abertas, baseando sua visão em duas premissas – que sejam abertas e inteligentes. Os executivos discutiram também os grandes desafios que ainda impedem uma expansão mais acelerada da Open RAN, que são: a integração dos sistemas de diferentes fornecedores; a garantia de performance; as expectativas em relação a menores custos de TCO e competitividade.

“Nós estamos aqui em um momento-chave para o setor, no qual forças e experiências em TI e Telecom estão unidas para viabilizar a entrada do mundo em uma nova era. Isto porque Open RAN é uma nova indústria e um passo necessário para o 5G se expandir nos próximos dois ou três anos, trazendo novos produtos e serviços ainda nem imaginados por diferentes segmentos do mercado, que tendem a beneficiar a sociedade como um todo”, disse Kawamura, da NEC. Ele apresentou as iniciativas da companhia japonesa para viabilizar contratos em diversos países e destacou as atuações nos projetos com a NTT DOCOMO e com a Vodafone.

Os avanços da NTT DOCOMO nos projetos de open RAN

A NTT DOCOMO iniciou a oferta de serviços comerciais 5G em março de 2020, no Japão, com base na arquitetura O-RAN. “Rapidamente expandimos nossa capacidade e velocidade usando a tecnologia de quinta geração. Atualmente, temos mais de 10.000 estações-base e mais de cinco milhões de assinantes que utilizam essa solução móvel. Pretendemos dobrar esses números até o final deste ano fiscal”, afirmou Tani, da operadora japonesa. 

Segundo Tani, esta é uma grande conquista, porque o 5G transformará os valores da sociedade e trará soluções que serão a base para a evolução de várias indústrias. No entanto, para que isso aconteça, será necessário que ofereça flexibilidade, escalabilidade e rapidez em todas as aplicações. “É fundamental investirmos nas redes abertas, que devem combinar ativos de diversos fornecedores, com soluções críticas para os mais variados propósitos, o que nos motivou a desenvolver relações com múltiplos fornecedores, contemplando várias interfaces todos os dias, visando viabilizar nossos serviços comerciais 5G”, explicou. 

Recentemente, a NTT DOCOMO adotou, pela primeira vez, a solução NSA (versão Non-standalone) para melhorar seus ativos 4G e pretende implementar, no segundo semestre deste ano fiscal o 5GC, da NEC, para iniciar os serviços SA (standalone). A operadora já tem também redes abertas implementadas por todo o Japão, que reúnem as capacidades de diferentes equipamentos e soluções de diversos fornecedores combinados livremente, incluindo mmWave e portadoras agregadas sub6 GHz. “Assim, temos maior flexibilidade e qualidade de desempenho de classe global na nossa rede, pois cada fornecedor está pronto para concentrar suas habilidades com liberdade para inovar”, detalhou Tani. Agora, nas redes de acesso por rádio, a NTT DOCOMO quer explorar a abertura entre as estações-bases e as unidades de resposta (RUs); entre softwares e hardwares nas estações-base e com o software RAN Intelligent Controler (RIC).

No final de 2020, a NTT DOCOMO já fazia interoperabilidade e contava com 15 tipos de equipamentos de diversos fornecedores interconectados para atender especificidades de várias regiões, o que garantiu à companhia cobrir mais de 574 cidades até o fim de março deste ano. “Neste momento, estamos montando um laboratório que poderá ser remotamente acessado por várias operadoras de fora do Japão, com o intuito de tornar possível para qualquer uma delas testar O-RAN e vRAN livremente, sem precisar modificar sua infraestrutura”, comunicou o executivo da operadora japonesa.

O pioneirismo da Vodafone nas redes abertas 

Para Santiago Tenório, da Vodafone, empresa que colocou em prática o primeiro projeto efetivo de Open RAN no Reino Unido, o 5G não é o principal motor das redes abertas, que são o tópico deste ano e provavelmente da década. “Há alguns anos está ocorrendo uma consolidação do mercado, que resultou em uma diminuição do número de operadoras em até três vezes em determinadas regiões. Os fornecedores, por sua vez, também estão bastante desagregados, o que traz benefícios, como a redução de custos a longo prazo e a flexibilidade, mas também a complexidade de integração”, reflete Tenório. 

Segundo o executivo, neste cenário vão prevalecer os fornecedores que ofereçam os melhores padrões de qualidade e forem capazes de ampla colaboração entre si, com o ingresso na cadeia de valor, inclusive de pequenas empresas que ofertem componentes sofisticados para nichos muito específicos, fomentando a inovação. “O problema de desagregar coisas é ter de reintegrá-las depois. Sabendo disto, estamos à procura de alguns tipos de sistemas de integração, cujos resultados devem ser anunciados em breve. É provável que tenhamos alguns componentes desenvolvidos dentro de casa. Mas a indústria, no geral, tem necessidade de um modelo que funcione para operadores de todos os tamanhos”, acredita o diretor da Vodafone.

Santiago fez questão de enfatizar também que outro aspecto fundamental para a evolução das redes abertas tem sido o trabalho realizado pelas alianças O-RAN e TIP, que vêm padronizando as interfaces e harmonizando os sistemas, os quais são a fundamentação das redes abertas. “O RIC (RAN Intelligent Controller) é um dos resultados do trabalho da Aliança O-RAN, em especial da NTT e da NEC, que agora só precisa ser padronizado para ter sua primeira implementação em 2022 e deve ter uma excelente aplicação até 2023”, comentou. A Vodafone já fez testes com Open RAN em ambientes rurais e urbanos, que provaram que é a melhor arquitetura e que de fato funciona.

Os grandes desafios para a maior evolução O-RAN

Apesar dos grandes avanços alcançados nos projetos de redes abertas, quatro grandes desafios ainda persistem: a integração dos diferentes sistemas (hardwares e softwares), a garantia de performance das soluções, os custos de TCO e a competitividade. 

Os participantes concordam que a maioria das operadoras pode resolver as questões de integração, assim como está fazendo a DOCOMO. O desempenho e o consumo de virtualização pela RAN (Radio Access Network), devido à desagregação do hardware e software, são ainda mais desafiadores e a aliança O-RAN tem tentado resolvê-los combinando novos hardwares e aceleradores, que já vêm sendo testados. “Nós podemos expandir a oferta de O-RAN por meio dos ecossistemas formados pela DOCOMO e pela Vodafone e as redes de operadoras globais já podem contar com isto”, ressalta Tani.

O vice-presidente da NTT DOCOMO reforçou, ainda, que a expectativa é de que o 5G evolua de modo significativo como infraestrutura para toda a indústria e forneça novos valores para as questões sociais, desde que tenha ampla capacidade de acesso, flexibilidade e agilidade para atender às mais variadas demandas de indústrias de diversos setores. “Para tornar isto realidade, é essencial que as redes abertas contem com ecossistemas de fornecedores multifuncionais e altamente especializados, todos colaborando ativamente e seguindo as premissas básicas de oferecerem soluções abertas e inteligentes”, afirmou Tani.  

Tenório, por sua vez, acredita que a integração será realmente solucionada por diferentes fornecedores que ofereçam partes integráveis aos demais, de acordo com as especificações e padronizações da Aliança O-RAN. “Atualmente, nós estamos fazendo uma RFI para quebrar o sistema de integração em partes e descobrir quem é melhor em desenvolver cada uma delas, sendo que, em alguns casos, nós faremos partes dentro de casa”, explicou o executivo da Vodafone. 

Para Watanabe, há muitas expectativas em relação aos fornecedores por parte das operadoras e a NEC tem aproveitado sua expertise em redes abertas e as oportunidades para ampliar sua participação nos projetos, oferecendo rádios O-RAN 5G Massive MIMO, com os quais querem contribuir para o projeto da Vodafone. Além disso, o Grupo NEC conta com a subsidiária Netcracker, para atender às operações de redes automatizadas em todos os domínios e camadas, fazendo uso de Inteligência Artificial (IA). “Nós estamos ansiosos para desenvolver grandes projetos de Open RAN e estamos procurando maneiras de obter sistemas de integração, que nos permitam estar localizados próximos dos clientes, atuando como centro de desenvolvimento e entrega de soluções completas e abertas de redes de telecomunicação”, completou o executivo da NEC.

Ao abordar a redução de TCO, Tenório disse considerar uma ilusão dos elos da cadeia de telecomunicações imaginarem que conseguirão de imediato diminuir os custos totais de propriedade (TCO). “Pelo contrário, podemos esperar, na prática, custos mais altos nos primeiros anos, porque as redes abertas são um novo modelo de negócio, que exigirá investimentos iniciais e ainda é preciso resolver os problemas de integração e de segurança. Porém, quanto mais fornecedores apresentarem boas soluções e houver a certeza da boa performance, mais os custos se dissolverão a médio e longo prazo, ou seja, depois de uns três anos. Isto porque a desagregação reduzirá os TCOs em vários setores depois das implementações. Além disso, com o incremento da competitividade, os preços começarão a se reduzir mais rapidamente e a inovação se intensificará com a disseminação do RIC no mercado, que será a grande diferença entre Open Ran e as arquiteturas proprietárias”, conclui Tenório.

White paper: Open & Virtualized

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