Veja o que a quinta geração de redes móveis deve trazer para consumidores e empresas em alguns anos
O celebrado 5G não é somente mais um conceito ou uma promessa: é uma nova era de comunicação celular que está em pleno processo de adoção, já presente em toda a Europa e Ásia, na América do Norte, em boa parte da América do Sul e na Oceania. Ainda que não tenha uma adoção massificada, no país a tecnologia está presente em diversas capitais e regiões metropolitanas, indicando um progresso importante no sentido da evolução para a nova geração de conectividade.
Os próximos passos devem incluir o aumento da cobertura 5G e, mais importante, a substituição da rede compartilhada DSS pela rede própria standalone (SA), que permitirá atingir o potencial máximo de desempenho da tecnologia.
Segundo Pau Castells, head de Análise Econômica na GSMA (organização que representa os interesses das operadoras de redes móveis em todo o mundo), um fator decisivo para o sucesso da quinta geração de conectividade está ligado a seu espectro de operação.
Segundo o executivo, em palestra no LATAM Telco Vision by NEC, “mais de 50 países já licenciaram alguma banda – baixa, média ou alta – do espectro utilizável para conectividade celular para a nova tecnologia”, sendo que, neles, o processo de implantação está mais avançado. Assim, fica nítida a relação entre licenciamento de espectro de operação com a maior velocidade na adoção do 5G, o qual deve estar operacional em 130 mercados até 2025, segundo o executivo. Isso pode significar uma cobertura de até 40% da população global, majoritariamente localizada nos países desenvolvidos.
A exemplo do resto do mundo, este crescimento será exponencialmente maior nas regiões urbanizadas e desenvolvidas, com outras áreas possivelmente levando mais tempo para se beneficiar da nova geração.
A constatação mais comum sobre o 5G é também a mais esperada: ela traz um elevado grau de satisfação aos usuários, na maioria dos casos, com as altas taxas de transferência de dados e qualidade em streaming de conteúdo sendo os destaques. Por outro lado, sendo uma tecnologia ainda em estado inicial de implantação, alguns usuários têm reportado dificuldades de aproveitar o potencial da tecnologia. Em geral, essas críticas estão associadas à falta de produtos e serviços que explorem o elevado desempenho do 5G, ou a baixa oferta de aparelhos que consigam operar dentro do padrão SA.
Estas constatações destacam a importância das operadoras investirem na expansão das novas redes, estimulando a proliferação de serviços e produtos já idealizados com a nova tecnologia em mente, de modo a expandir o leque de opções dos usuários. Considerando que o 4G ainda tem grande uso e aceitação, a evolução para um novo padrão massivamente adotado só ocorrerá, portanto, com planejamento e investimentos focados nisso, buscando ativamente aquecer este novo mercado.
O momento é adequado para isso. Com o forte processo de digitalização acelerado pela pandemia de 2020 e 2021, o consumo de bens e serviços digitais cresceu de forma notável, em boa parte pelas restrições de movimentação e aglomerações, e não há sinais de que esta tendência seja revertida no futuro. Isso, em boa parte, se refletiu em lucros enormes para as empresas de serviços digitais, e nem tanto para as provedoras de acesso. Com o 5G, a tendência é que estas possam alavancar suas receitas, por meio de aumento de sua base de clientes e de acordos e parcerias que agreguem serviços para seus consumidores.
Há, contudo, desafios adiante, como é o caso em quase todos os cenários onde há grandes saltos tecnológicos. É necessário, primeiramente, lidar com questões de impostos e regulamentações antigas, muitas vezes inadequadas ao ritmo e às necessidades atuais da sociedade. O governo, portanto, pode ajudar a expansão da tecnologia ao fomentar investimentos e desburocratizar a entrada de novos players neste mercado, ajudando a gerar concorrência e, por consequência, novos produtos e serviços.
É importante, também, que haja um espectro livre de bandas de operação para que o 5G Stand Alone possa operar de forma livre e sem interferências, cumprindo com seus objetivos. Isso permitirá o oferecimento de novos serviços para diversos setores, melhorando o acesso à tecnologia e democratizando seus benefícios.
Em resumo: o 5G é, indiscutivelmente, o futuro e trará ganhos enormes para empresas e indivíduos em médio e longo prazos. Basta que as entidades e organizações diretamente envolvidas nas questões fundamentais técnicas e burocráticas façam os devidos planejamentos e investimentos para abrir espaço para grandes ideias e novos serviços.