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24 out 2017

Por que realizar um teste de invasão?

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Prevenção contra violação dos dados, vazamento de informações e validação dos diversos recursos de segurança instalados no ambiente são alguns motivos para a realização de um teste de invasão. Esse teste tem sido utilizado como um método para analisar uma rede corporativa e determinar o nível do impacto de um eventual ataque, bem como verificar quais vulnerabilidades que devem ser mitigadas ou erradicadas para se obter um nível de risco aceitável e gerenciável. O Pentester, profissional responsável por realizar o teste, costuma adotar as mesmas técnicas e ferramentas utilizadas pelos hackers.

Antes do início das atividades, o profissional da área deve firmar um contrato com a empresa contratante. Nele devem estar contemplados um código de conduta inicial prevendo as regras de utilização dos recursos da empresa, o escopo e os métodos que serão utilizados nos testes – especialmente aqueles que podem corromper ou descontinuar um serviço, ainda que temporariamente, ou inviabilizar o acesso a um determinado recurso de rede.

No que diz respeito ao estabelecimento do escopo dos testes, deverão ser definidos quais serão os ativos, banco de dados e servidores envolvidos. Além disso, neste ponto deve ser escolhido qual método de invasão a ser utilizado. Existem três tipos conhecidos:

  • Black-box: teste de caixa preta, onde não é fornecido qualquer tipo de informação sobre a infraestrutura da empresa. Os testes são realizados fora do ambiente de rede para realmente simular um ataque hacker. Nesse caso o profissional não tem restrições, podendo utilizar qualquer tipo de técnica para realizar a invasão. 
  • White-box: teste de caixa branca, onde são fornecidas as informações de infraestrutura do cliente bem como o range de IPs, filiais existentes no ambiente e recursos de segurança utilizados - o que facilitará a busca por vulnerabilidades na infraestrutura, agilizando e otimizando o tempo que seria gasto com o levantamento das informações de reconhecimento do ambiente. 
  • Grey-box: o teste de caixa cinza é um método utilizado em ataques paralelos, quando o pentester realiza testes de invasão diretamente alocado no cliente, ou seja, de um departamento para outro.  Esta opção é recomendável para auditar um processo de “hardening” já aplicado no ambiente.

Para se ter uma ideia de como funciona o processo, abaixo estão descritas as fases do teste de invasão, que também serão devidamente negociadas para a definição do escopo dos testes:

  1. Reconhecimento (Reconnainssance): chamada de Footprint e é a principal fase onde o auditor utiliza técnicas de mapeamento das informações públicas sobre o alvo. Este levantamento pode ser realizado através de blogs, redes sociais e até canais de recursos humanos nas áreas de tecnologia, que acabam expondo os diversos sistemas que os candidatos devem ter conhecimento para atender a determinadas oportunidades de trabalho. Até o lixo da empresa é um alvo para a coleta das informações! Nessa fase também pode ser feito um levantamento dos nomes dos empregados e fornecedores para aplicação de técnicas de engenharia social (phishing, spear phishing, etc.), facilitando o sucesso do ataque.

Outras informações importantes são servidores, serviços utilizados (sistemas operacionais), domínios e subdomínios, nomes e logins dos funcionários, bem como endereços de e-mails. Nesta fase existem dois métodos para a coleta das informações: ativa e passiva. Inicialmente é interessante que seja realizado de forma passiva, ou seja, com o mínimo de contato com o ambiente, mapeando e planejando as melhores informações que serão utilizadas. Passar despercebido é altamente recomendável para não ser identificado através dos recursos de monitoramento de segurança existentes no ambiente. Não necessariamente realiza-se o levantamento de forma passiva, podendo partir direto para a coleta ativa, com maior risco de ser identificado se não houver o devido planejamento. Esta coleta ocorre quando se entra em contato com a infraestrutura de redes do alvo, conforme abaixo.

  1. Varredura (Scanning): quando se entra em contato direto com os ativos de redes, através de ferramentas de escaneamento - como o Nmap, ZenMap e Ike-scan - para identificar o range de IPs, portas, serviços, aplicações utilizadas etc. Nesta etapa também são verificadas ativamente as vulnerabilidades do ambiente através de ferramentas de escaneamento de vulnerabilidades, como Nessus, Nikto, o próprio Nmap, dentre outras. 
  1. Exploração (Gaining Access): esta é fase onde começa a exploração e validação das vulnerabilidades encontradas; verificar se de fato um sistema pode ser invadido ou corrompido. Para auxiliar essa fase existem bancos de dados com as vulnerabilidades conhecidas, como metasploit e cxsecurity, além de um comércio de venda de exploits e zero-day em ambientes mais obscuros da internet (deep web). Algumas ações que são executadas no processo de invasão de um sistema:

    BruteForce: são utilizadas técnicas (programas) de quebra de senha de serviços SSH, SMTP, FTP, etc. 

    Engenharia Social: pode ser utilizada em vários momentos, dependendo das ações ou informações desejadas.

  1. Escalação de Privilégios (Maintaining Access): uma vez que o “atacante” teve sucesso na invasão, é feita a escalação de privilégios. São ainda utilizadas técnicas para se manter o acesso com permissões privilegiadas de administrador dos sistemas, facilitando os acessos futuros. Isso porque a busca por informações relevantes não acontece logo nem rapidamente. Este é um processo minucioso que precisa passar despercebido das ferramentas e equipes de monitoramento. 
  1. Ocultação (Covering Tracks): passar despercebido é a chave para se manter o acesso e ter a oportunidade de invadir outros sistemas, comprometer o maior número de servidores e obter acesso a cada um deles.

Estas são as 5 principais etapas de um teste de invasão mas que podem variar. Não é uma sequência exata pois algumas podem e serão repetidas durante o processo. Para o cliente que contrata esse tipo de serviço, o importante é ter em mente que os testes não terminam simplesmente após a invasão uma vez que devem ser enumerados todos os servidores comprometidos, relacionando as vulnerabilidades exploradas e quais ações devem ser adotadas para a prevenção de futuros ataques.

Todo o processo deve ser documentado para que o cliente tenha os insumos necessários para tomada de decisões. Para isso, a coleta das evidências e reportes é fundamental. Devem ser registradas todas as evidências para atender o escopo acordado na contratação, ou seja, enumerar todos os requisitos atendidos - como servidores, switches, aplicações web - bem como os métodos e técnicas que foram utilizados.  Ao final, costuma-se entregar 2 tipos de relatórios:

  • Relatório executivo: nele o Pentester irá descrever objetivamente os principais pontos que foram comprometidos com a invasão bem-sucedida e o problema raiz. Importante salientar que o objetivo do serviço não é a correção do problema.
  • Relatório técnico: neste documento serão descritos os processos e as ferramentas que foram utilizadas com os principais prints das evidências que foram coletadas durante todo o processo. Por este motivo ter todo o processo bem documentado irá ajudar a compor o relatório.

Em ambos os relatórios é necessário que conste o impacto que as vulnerabilidades que foram exploradas poderiam causar ao ambiente como vazamentos de dados, roubo de credenciais de acesso, roubo de informações privilegiadas de propriedade intelectual, etc.

Na finalização do relatório costuma-se, ainda, ter algumas recomendações de segurança, informando ao cliente a importância de desabilitar recursos não utilizados nos servidores, bem como testes antes da implementação de aplicações no ambiente de produção (o chamado “code review”), aplicação de políticas fortes de troca de senha com fator de dupla autenticação, reuniões regulares para o alinhamento e mitigação de problemas, assim como plano de mudança bem alinhado entre as diversas equipes de infraestrutura e suporte.

É importante salientar que o Pen Test é uma fotografia. Ou seja, um retrato daquele momento do ambiente da rede. No dia seguinte as coisas já estarão diferentes. Novas máquinas foram adicionadas à rede, assim como aplicações instaladas ou vulnerabilidades descobertas. Por isso a contratação de um serviço contínuo de monitoração (24x7) é o mais recomendável para manter o nível de maturidade em segurança. Conhecer o seu ambiente e suas vulnerabilidades é fundamental para que você possa se prevenir de ataques ou perdas de informações. Prevenção é ainda a melhor política.

 

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