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NEC
30 ago 2022

Lições que o Japão pode ensinar sobre tecnologia aplicada à saúde

Por Cristiano Blanez

*Artigo publicado originalmente pelo portal Medicina S/A

A utilização da inovação tecnológica nas mais diferentes áreas tem trazido diversos benefícios para a sociedade e, nesse contexto, o segmento mais impactado positivamente pelo emprego de ferramentas como inteligência artificial (IA), realidade aumentada e pela rede móvel 5G, é a saúde. No Brasil, já é possível testemunhar como o avanço na telemedicina, por exemplo, tem ajudado no tratamento de pessoas com alguma enfermidade. Para se ter ideia, apenas com o uso desse recurso, entre abril de 2020 a março de 2021, 2,5 milhões de consultas virtuais foram realizadas, segundo números divulgados pela pesquisa da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge). Mas a utilização da tecnologia no campo dos tratamentos médicos vai muito além de um país que já está muito à frente dos demais nesse sentido e que pode nos ensinar lições preciosas é o Japão.

Trabalhando dentro de uma empresa de tecnologia e atuando diretamente no incentivo a programas de saúde relacionadas a organizações mundiais, tive a oportunidade de acompanhar de perto, em solo japonês, durante três anos, todos os benefícios que a inovação tecnológica é capaz de oferecer à sociedade, seja para a descoberta de novos tratamentos ou até mesmo na maneira de fazê-los chegar a quem ainda não tem acesso por diferentes razões.

Quando falamos em Japão, é importante ressaltar que a falta de recursos ou a pobreza não são fatores que afastam a população da saúde, tendo em vista que se trata de um dos países mais ricos do mundo. No entanto, é muito comum haver populações rurais vivendo em regiões longe dos grandes centros, onde seria possível a realização de exames mais sofisticados, por exemplo. Isso para o povo japonês, que já tem amplo acesso à banda larga de alta capacidade, tanto fixa quanto móvel (5G), não é mais um problema. Práticas de diagnóstico, com realização de endoscopia e ressonância magnética, por exemplo, ou cirurgias, por meio de conferência de altíssima definição entre hospital central e a clínica remota, estão diminuindo as distâncias e evitando a necessidade de se remover os pacientes, principalmente em face da prevalência da população idosa no país nas últimas décadas. Além disso, para substituir os antigos sistemas de conferência, que muitas vezes apresentavam atrasos na transmissão e visualização de baixa qualidade, surgiu a aplicação de soluções de compartilhamento de dados de monitor em alta definição.

Um exemplo de tecnologia japonesa colocado em prática, desta vez no Reino Unido, é o da Triagem de Saúde Inteligente, que tem potencial para reduzir a taxa de mortalidade infantil. Na instância do pré-natal o sistema registra todas as atividades a serem realizadas durante a gravidez, tais como exames/testes para verificar a possibilidade de um risco na gestação, necessidade de alimentos ou medicamentos nesse período, controle de exames, bem como o monitoramento mais próximo com foco nas grávidas de alto risco. Após o nascimento, a tecnologia atua desde o registro, passando pelo teste do pezinho, histórico e procedimentos para o bebê, até a possível identificação de situação de desnutrição ou possíveis doenças. Com o passar do tempo, a solução é responsável pela criação e evolução de um gráfico de crescimento com foco na nutrição, pela identificação de bebês com potenciais graus de desnutrição, que podem ir do moderado ao grave, pela prescrição de medicamentos e cuidados nutricionais, bem como pelo acompanhamento do crescimento de bebês, com a possibilidade de tomada de medidas corretivas.

Os pais contam com apoio para a questão da vacinação também, recebendo notificação do calendário de vacinas de cada época e o histórico digital do cartão vacinal. O sistema tem um importante papel no país de identificar as lacunas nas campanhas de imunização, analisando as entregas por áreas e recursos.

Já os adultos contam com o sistema que realiza a triagem do exame de retinopatia diabética, que deve ser periódico, uma vez que a visão dos pacientes diabéticos precisa ser rastreada regularmente, em geral, uma vez por ano. O rastreio da retinopatia diabética deve ser oferecido a todas as pessoas com a doença, desde o momento do diagnóstico.

A adoção de iniciativas como essas que acabei de citar muda a vida de milhares de pessoas e faz com que a tecnologia alcance quem mais precisa, deixando de lado o conceito de que serve somente à parcela da sociedade com mais dinheiro, capaz de comprar aparelhos de última geração. Pelo contrário, as ferramentas tecnológicas mais relevantes que encontramos nos dias de hoje são as que alcançam o grande público, dando oportunidade de acesso à saúde a todas as pessoas.

*Cristiano Blanez é diretor de Inovação da NEC no Brasil.

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