*Por José Renato Gonçalves, publicado originalmente em O Popular
As cidades ao redor do mundo estão em constante transformação, à medida que a sociedade também muda sua dinâmica. Algumas demandas essenciais aos cidadãos, no entanto, permanecem muito parecidas no decorrer dos anos: as pessoas continuam desejando ter acesso à saúde de qualidade e ambientes mais seguros.
Esta não é, porém, uma meta fácil de se alcançar, uma vez que, na América Latina 81% da população vive em áreas urbanas. No caso do Brasil, esse número representa aproximadamente 84%, segundo estudo da Deloitte denominado "Insights sobre Cidades Inteligentes no Brasil para formuladores de políticas e gestores públicos". Esse fato as torna mais populosas e, assim, dificulta a instalação de medidas sociais efetivas.
Por meio de um olhar global e integrado, os governos interessados em modernizar a infraestrutura dos serviços das cidades têm buscado adotar localmente iniciativas que constroem uma ponte entre a tecnologia, a sustentabilidade e a atuação da comunidade. Quando o objetivo é o de aumentar a qualidade de vida dos cidadãos, a inovação pode ser usada como uma importante ferramenta a favor.
Uma pesquisa promovida pela consultoria ESI ThoughtLab, a pedido de um pool de empresas e junto a líderes de 100 cidades em todo mundo, constatou que a aplicação de tecnologias facilitadoras e de soluções inteligentes com foco na segurança e na saúde públicas impactam diretamente no bem-estar das pessoas. Para se ter ideia, o levantamento identificou uma diminuição de 33% na ansiedade entre os cidadãos dos municípios alcançados pelo estudo, os quais contavam com um ecossistema de sistemas tecnológicos.
Um passo mais adiante nesse caminho e que pode ser visto como um alvo para muitos municípios ao redor do mundo é o da adoção do conceito de cidade inteligente, que abrange uma série de fatores que vão além da pura implantação de tecnologias de ponta. As plataformas tecnológicas mais avançadas, colocadas em ação sem um devido planejamento, provavelmente, não levarão ao resultado esperado. É preciso uma avaliação apurada do contexto e das necessidades da comunidade em questão.
Com o conceito de smart cities como norte, a tendência é que as cidades se tornem cada vez mais comprometidas com a melhoria dos serviços de segurança, saúde, transporte/mobilidade e da conservação dos recursos naturais, entre outros.
A adoção de tecnologias digitais e de plataformas de gestão integradas tem o potencial de melhorar a eficiência dos serviços públicos, desde que não se perca de vista a questão da governança. Ao longo do tempo, os casos de sucesso pelo mundo mostram que, com o canal aberto com a população e uma visão de longo prazo, é possível evoluir muito na dinâmica das cidades, principalmente em tempos de conectividade ultrarrápida.
José Renato Gonçalves, CEO da NEC no Brasil.