Como a Inteligência Artificial se tornou aliada no combate às minas terrestres
Descubra como o uso de tecnologia pode ser decisivo para prevenir mortes de civis em zonas de conflito
Além dos graves e imediatos danos causados por conflitos armados, a permanência de artefatos de guerra como minas terrestres mesmo após o fim dos combates faz muitas vítimas, especialmente civis, que acidentalmente disparam as bombas. Só em 2020 foram mais de 7000 incidentes envolvendo explosivos escondidos, com 2492 mortos e 4561 feridos, segundo levantamento da ONG Monitor.
Este é um dado preocupante, pois a quase totalidade das vítimas é a população em situação de grande vulnerabilidade socioeconômica, muitos ainda crianças, com poucos recursos de saúde e tratamento disponíveis. Isso faz com que os danos causados sejam difíceis de tratar, afetando de forma crítica famílias inteiras e tornando sua situação ainda mais desafiadora. Analogamente, estas zonas muitas vezes podem se tornar complexas de serem acessadas, do ponto de vista logístico, limitando o abastecimento de alimentos e itens de necessidade básica e aprofundando ainda mais a crise da população local.
A guerra após a guerra
Sendo artefatos desenvolvidos especificamente para serem difíceis de serem detectados, minas e outras bombas desta natureza representam um enorme desafio para ONGs e outras organizações humanitárias que agem para sua remoção. Ao longo dos últimos 30 anos, as técnicas utilizadas vêm se modificando e evoluindo, mas, no início, os recursos limitados traziam diversos problemas para os times de remoção de explosivos. Os primeiros trabalhos de localização e desmantelamento de minas era feito com equipamentos de arqueologia, os quais são inadequados para a atividade e chegavam a disparar os explosivos acidentalmente, atingindo as equipes.
Felizmente, a evolução tecnológica trouxe para estes profissionais ferramentas mais especializadas e eficazes para estas arriscadas operações. Uma das que mais se destacam é o chamado sensoriamento remoto, prática que consiste em utilizar câmeras, radares e sensores em satélites e aeronaves para identificar elementos do solo, assim como emissão de ondas, radiação etc. Com ele, dispositivos escondidos e difíceis de serem detectados ao nível do solo podem ser encontrados com mais precisão do ar, guiando as equipes com segurança e com muito menos risco de disparos acidentais.
Outro aspecto importante da evolução tecnológica no apoio às populações afetadas por minas está na identificação biométrica dos cidadãos, que facilita seu atendimento médico e localização por parte das autoridades e órgãos responsáveis.
Os novos desafios em um novo cenário
Com a adoção de novas tecnologias e seus equipamentos específicos em campo, é natural que surjam desafios e obstáculos por conta da configuração do novo cenário, requerendo cuidados específicos. Alguns dos mais comuns e que tendem a requerer atenção especial dos profissionais em campo são:
- Roubo de equipamentos, como os drones equipados para desativar as minas: como são equipamentos de alto valor, muitos criminosos tentam roubá-los para revenda no mercado negro, gerando um problema de segurança e logística específico para proteção dos drones e outros sensores, de modo a garantir a operação.
- Diferenciação entre munição e explosivos com itens inofensivos: algumas vezes, os equipamentos bélicos têm formatos ou emitem ondas e sinais similares a equipamentos inofensivos, e esta semelhança pode levar a equipes a perder tempo tentando identificar itens comuns, assim como correr riscos ao lado de artefatos explosivos sem consciência de sua real natureza.
Por mais que o emprego de tecnologia avançada traga novos desafios, é importante salientar que ela gera muito mais vantagens do que problemas, e é, indiscutivelmente, uma aliada fundamental para a proteção da saúde e da vida das pessoas em regiões de conflito.
NEC e Cruz Vermelha: uma união pela vida
Diante dos diversos conflitos armados no mundo, causando graves crises com refugiados, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha buscou a NEC para uma parceria em 2019. A proposta era contar com a tecnologia mundialmente conhecida da empresa para rastrear e identificar pessoas, ajudando as famílias separadas por conflitos armados a se reencontrarem. Logo de início, os especialistas da empresa ajudaram na revisão de um importante documento, o "Data Protection Handbook for Humanitarian Action, Second Edition", colocando sua expertise em proteção de dados à serviço das boas práticas do CICV.
Em sequência, como resposta a esta nobre missão, a NEC trouxe soluções de reconhecimento de imagem, biometria e aplicações de Inteligência Artificial para identificação de campos minados. Este último recurso vem sendo particularmente importante para a proteção de especialistas em campo, que têm como missão a remoção segura destes dispositivos, aumentando sua segurança neste arriscado trabalho.
É com orgulho que a NEC segue como uma parceira fundamental no combate ao grave problema das minas terrestres e explosivos escondidos, empregando sua larga experiência na proteção de refugiados, agindo de forma decisiva para aliviar os grandes desafios que enfrentam no mundo atual.