Agricultura digital: Como a tecnologia tem impactado a colheita no Brasil
Cada vez mais distante de ser um negócio puramente rústico, o agribusiness vem passando por um forte processo de tecnificação que está mudando a cara deste mercado
Historicamente, a agricultura possui um papel socioeconômico fundamental no Brasil, sendo um setor vital não só para a exportação, mas também para o sustento de milhões de pessoas no país – e não há indícios que essa realidade mudará no futuro. Contudo, isso não significa que o setor não esteja passando por mudanças importantes. De fato, quando se olha para as questões de produtividade, os números apontam crescimento superior a 3% ao ano, segundo o Ministério da Agricultura.
Boa parte disso está ligada à adoção de novas tecnologias, com especial destaque para os anos mais recentes, quando a transformação digital ganhou força e espaço neste mercado. Os dados a seguir ilustram com precisão a evolução do agronegócio recentemente:
- Em 2021 foram criadas 1.574 startups voltadas ao agronegócio. Atualmente, uma é aberta por dia, em média
- Empresas de tecnologia no agronegócio cresceram 40% no Brasil em comparação com 2019
- O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio nacional acumulou alta de 9,81% no primeiro semestre em 2022
- Existem cerca de 5 milhões de estabelecimentos agropecuários, dos quais 77% são classificados como de agricultura familiar, mas estes respondem por apenas 23% do valor da produção
- US$ 15 bilhões é o tamanho estimado do mercado de agricultura digital em 2021
Estes indicadores deixam claro o quanto a tecnologia está se tornando parte importante do setor, impactando de forma decisiva diversos de seus aspectos.
A tecnologia como ferramenta para cultivos com mais produtividade
Um dos maiores desafios da agricultura atualmente está no aumento da capacidade produtiva sem aumentar a área de plantio, o que demanda uma busca por novas técnicas que permitam aumentar a efetividade de toda a operação no campo. Neste sentido, a tecnologia vem se mostrando uma aliada indispensável para o agricultor, pois é por meio da inovação que este novo patamar de eficiência pode ser atingido.
Especificamente, a utilização de drones, sensores e outras formas de monitoramento na lavoura permitem aos gestores obter uma visão muito mais clara, granular e atualizada dos produtos cultivados. Por sua vez, isso permite a identificação de problemas, como pragas e doenças, de forma rápida e precisa, facilitando a remediação antecipada e, com isso, aumentando o grau de sobrevivência das mudas. Similarmente, o uso de automação para irrigação, distribuição homogênea de nutrientes, adjuvantes e agroquímicos, entre outros, torna o processo mais eficiente, gerando mais produtos e com maior qualidade.
Outro ponto importante está relacionado ao uso de inteligência artificial para o planejamento e a gestão do plantio. Por meio da adoção deste tipo de tecnologia, é possível identificar as melhores condições de umidade, distância e outros fatores para cada tipo de vegetal cultivado, garantindo condições ótimas para cada cultivo.
Todas estas tecnologias e muitas outras têm seus potenciais expandidos por outra: o 5G. Com a quinta geração de rede móvel, a conectividade em níveis muito superiores aos fornecidos pelo 4G permite atingir um novo patamar de velocidade para troca de dados entre dispositivos. Isso possibilita trazer respostas mais rápidas, informações em tempo real e novas possibilidades para automação de atividades no campo.
Ouça o podcast: Smart Eldorado – Agricultura digital #202
5G: o próximo grande passo do agronegócio
A rede 5G ainda está nos estágios iniciais de adoção no país e, apesar das altas expectativas relacionadas a ela, ainda existe um caminho considerável adiante até que haja uma cobertura razoável no campo que permita o desenvolvimento do potencial da tecnologia. Analisando este cenário, o Ministério da Agricultura e a ESALQ-USP fizeram um levantamento sobre os caminhos para a expansão do 5G no campo. Uma de suas constatações foi que, para um aumento de 12% para 25% na cobertura de toda a área produtiva da agricultura, seriam necessários:
- 4.000 torres ou antenas ativas ou colocadas em operação
- O que poderia representar um crescimento de 4,5% de valor bruto da produção (considerando o valor atual de R$1.057 T)
Na mesma pesquisa, os órgãos também constataram que para um aumento significativamente maior, na casa de 80-90%, seria necessário:
- Instalação de 1.182 torres ou antenas
- Gerando um aumento de 9,6% sobre o valor bruto da produção agrícola brasileira
Estas constatações deixam claro que os investimentos para que se atinja um nível adequado de infraestrutura de comunicação são, embora cruciais, bastante elevados, o que pode tornar lento o processo de adoção da nova tecnologia. Assim, é possível esperar um período relativamente longo de evolução no campo, na medida em que a área de cobertura aumenta, permitindo a implantação de novas e mais avançadas soluções.
Como se vê, o momento atual é apenas o princípio de uma grande revolução no agronegócio, com a perspectiva de novas tecnologias de inteligência artificial, automação, internet das coisas e muito mais. À medida em que a infraestrutura cresce e melhora, aumentam as possibilidades de inovações que vão trazer ainda mais desempenho para o setor. E, ao longo de todo este processo, a NEC está preparada para dar apoio para os profissionais do setor por meio de serviços avançados de orquestração de redes móveis, trazendo o melhor do 5G mais perto do produtor.