Por Daniel Medeiros
O maior aeroporto do Japão, Narita, nos arredores de Tóquio, implementou em julho um sistema de reconhecimento facial para dar à parte dos passageiros acesso automático, sem toque, com menor risco para covid-19 no embarque e desembarque.
Chamado Face Express, o novo sistema foi utilizado com sucesso durante os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, permitindo que viajantes fizessem o check-in, a emissão do cartão de embarque, da etiqueta de bagagem, o despacho das malas e o processo de imigração apenas mostrando o rosto a uma câmera.
A novidade está disponível inicialmente aos passageiros da Japan Airlines (JAL) e da All Nippon Airways, que optaram por compartilhar com as companhias suas respectivas identidades biométricas. Após o sucesso da iniciativa, no entanto, a administração do aeroporto quer que todas as aéreas façam o processamento de passageiros por biometria.
“Queremos expandir a iniciativa para outras companhias”, disse o diretor-executivo do aeroporto, Hideharu Miyamoto. “Percebemos que essa tecnologia não só é útil para prevenir infecções, mas também que terá papel importante na retomada das viagens internacionais”, afirmou em sua participação no NEC Visionary Week, evento da empresa japonesa.
Miyamoto reconhece que o desafio de automatizar o processamento de passageiros vai muito além de implementar tecnologias para evitar que eles toquem superfícies, entrem em contato com pessoas, tenham a temperatura medida à distância ou que sejam reconhecidos usando máscaras, o que a biometria já é capaz de fazer.
Segundo o executivo, antes que os voos internacionais voltem a ser realizados em escala pré-pandêmica, é necessário um entendimento inédito entre empresas aéreas, entidades e governos para padronizar a gestão de milhares de certificados de vacinação e testes de detecção de covid, agora parte obrigatória do processamento de passageiros em voos internacionais.
Miyamoto cita, por exemplo, os desafios de automatizar a verificação desses dados com base em padrões válidos em todo mundo para testes de covid e certificados de vacinação. “Esses testes deveriam seguir padrões da Organização Mundial de Saúde e da Organização da Aviação Civil Internacional [que ainda não existem]”.
Ainda segundo o executivo, o reconhecimento desses certificados também depende de um entendimento multilateral entre governos para que a troca dessas informações seja feita com segurança e respeito à privacidade do viajante.
A fabricante de tecnologias biométricas NEC está se antecipando à essa necessidade. Segundo Norihiko Ishiguro, vice-presidente sênior da empresa, a empresa está trabalhando em soluções de blockchain e cibersegurança para garantir a privacidade do usuário.
“Também trabalhamos num amplo processo de educação dos nossos colaboradores para estabelecer padrões de uso e desenvolvimento ético das tecnologias”, disse.