Com a busca crescente por conectividade, os provedores de internet móvel precisam estar prontos para trazer escalabilidade para a implementação desta tecnologia
Em meados de 2020 algumas operadoras começaram a realizar alguns testes com o 5G, em certas regiões de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, posteriormente expandindo para cidades selecionadas, a fim de testar a estabilidade do sistema e a capacidade das antenas. Ainda operando no formato DSS, que implica compartilhamento de espectro com a banda 4G (limitando seu potencial), o 5G ainda é uma realidade pouco aproveitada pela população em geral. Isso, contudo, está prestes a mudar.
Com o leilão da nova banda concluído, o cronograma para implantação da tecnologia já está rodando, e a expectativa é de que todas as capitais no país já contem com o 5G SA (standalone). Isso é importante pois é só neste formato que o 5G pode entregar toda sua performance, a qual promete transformar radicalmente a forma como pessoas e organizações usam a internet, graças a conexões na casa dos gigabits por segundo. A expectativa é que, até 2029, todas as cidades com até 30.000 habitantes já contem com a nova geração de conectividade, a qual deve suportar o pesado tráfego por meio da instalação de ao menos uma antena para cada 100.000 habitantes atendidos.
As regras para garantir alcance e sustentação do serviço, aliadas à excepcional velocidade da nova geração deixam poucas dúvidas que ela deve se tornar o sistema dominante no país mais rapidamente do que o 4G dominou o 3G. Por outro lado, o 5G requer chipsets e aparelhos preparados para interagir em sua banda de operação, algo que boa parte dos equipamentos utilizados no Brasil hoje não conseguem atender. Isso significa que a nova internet móvel seguramente vai ajudar a impulsionar ainda mais as vendas de aparelhos celulares da próxima geração, tanto intermediários quanto de alta performance, já prontos para ela.
Os impactos da quinta geração da internet móvel devem ir muito além do mercado consumidor, trazendo possibilidades para diversos outros segmentos e mercados. Confira alguns dos que mais devem ser impactados pela nova tecnologia:
Uma das áreas mais importantes da economia brasileira, o agronegócio vem passando por um processo de transformação digital importante, trazendo automação, controle e inteligência para as atividades agrícolas e pecuaristas. Com o 5G, as possibilidades para transferência de dados aumentam significativamente, permitindo agregar mais funções aos equipamentos em campo, melhorando a visibilidade sobre as atividades, trazendo mais controle sobre equipamentos e otimizando a eficiência da operação.
Este segmento vem passando pela chamada 4ª revolução industrial e muitos já enxergam o começo da 5ª, a integração de dispositivos de Internet das Coisas com os equipamentos da linha trazendo benefícios similares com os da agricultura, citados acima, porém em um contexto de maior performance. A partir do 5G, a operação e o controle remoto de equipamentos, com transmissão de dados em tempo real sobre a linha de produção passa a ser mais fácil e efetiva, o que abre enormes possibilidades de melhoria no desempenho das máquinas, reduz tempo de parada por quebra e otimiza a produtividade do negócio.
Um ramo da saúde que ganhou enorme destaque por conta da pandemia dos últimos anos, a telemedicina pode alcançar níveis inéditos de relevância e eficácia, ajudando a salvar muitas vidas. No patamar superior de velocidade da nova geração, além de consultas remotas, profissionais da saúde terão condição de operar remotamente aparelhos complexos como robôs cirúrgicos, além de realizar exames e diagnósticos à distância em tempo real. Isso trará muita agilidade para os atendimentos em regiões afastadas ou no interior, ajudando a diminuir filas de espera e desafogando clínicas e hospitais das capitais, além de proporcionar melhor qualidade de vida às pessoas que historicamente não possuem um atendimento adequado.
Se o 5G promete trazer um novo mundo de possibilidades por meio de sua velocidade, o Open-RAN é o movimento que quer democratizar o acesso à esta tecnologia para novos fornecedores de soluções de hardware e software de telecomunicações. Este movimento global (sigla em inglês para Open Radio Access Networks, ou Rede de Acesso de Rádio Aberta) tem como preceito criar uma arquitetura aberta para redes celulares, diversificando com quais fornecedores as empresas podem trabalhar. Algo que tende a baixar custos, ampliar a concorrência e estimular a inovação das redes nas grandes cidades, mas também levando conectividade para regiões afastadas.
O O-RAN, em termos práticos, é uma forma de fazer com que haja mais flexibilidade e democratização no acesso de tecnologias de conectividade, ampliando as opções de escolha além dos fornecedores tradicionais e abrindo espaço para novas ideias e produtos. Isso pode facilitar ainda mais a popularização do 5G, acelerando seu processo de adoção e implantação, e trazendo seus benefícios para mais indivíduos mais rapidamente. Isso é particularmente verdadeiro quando se considera que a instalação da tecnologia utilizando as recém licitadas frequências de 3,5Ghz e 26Ghz, que requerem uma melhoria da infraestrutura de comunicação do país; com o Open RAN, a entrada de novas soluções, vindas de novos fornecedores, tende a tornar o processo todo mais rápido e mais barato.
Com isso, fica nítida a importância e as elevadas expectativas do país com relação ao 5G. Da agricultura à indústria, do mercado de games à medicina, as possibilidades de evolução com a nova tecnologia são grandes, assim como os desafios para sua implementação, ao contar com parceiros que ajudem a entender o que precisa para adequar seu parque tecnológico e como construir uma infraestrutura dinâmica para se beneficiar com a nova geração da internet móvel.